quinta-feira, 16 de julho de 2009

ONDE ESTÁ O CAMINHO?


Muito se fala sobre novas formas de construção social. Sociedade justa, igualitária, Humana, de valorização do homem, etc...etc...etc... Movimentos surgem á todo momento levantando esta bandeira. As transformações sociais acontecem numa velocidade fora do comum que chega a assustar. Em meio a tais transformações, nada se faz de concreto, no sentido de valorizar a raça humana. As maquinas, os robôs e a automação dos meios de produção, relega o homem ao segundo plano, deixando prá traz uma gama enorme de pessoas, que dilapidados de sua condição humana, passa á servir de escravo de tais avanços, se perdendo no tempo e nutrindo uma desesperança total.
Neste compasso a dignidade humana se perde e o mundo é cada vez mais ocupado por espertalhões que se aproveitam de tais meios, não para libertar o homem, e sim para oprimi-lo e negar direitos fundamentais que foram garantidos á raça humana.
Quando ouvimos falar de algum avanço tecnológico, no campo da saúde por exemplo, temos que, imediatamente, preparar nossos bolsos se quisermos usufruir de tal avanço. Nada é feito de graça. Tudo custa muito. As indústrias farmacêuticas, ao investirem em novas tecnologias, não estão visando o bem estar comum, muito menos o conforto para o ser humano, pelo menos não aos menos favorecidos. Se quero ter acesso á alguma nova tecnologia, tenho que estar preparado para investir muito. As indústrias esperam pelo retorno. Na alegação de que ás pesquisas custaram muito até chegar ao resultado satisfatório, quer de volta o montante investido e, com isso, exclui do acesso as camadas mais pobres da população mundial. Tudo em nome do lucro.
Enquanto se debate nos gabinetes, as vantagens do avanço cientifico, lá fora, no mundo inteiro, tem muita gente morrendo de fome, sem acesso á qualquer desses avanços. E, neste passo acelerado a ciência caminha, deixando prá traz milhões de excluídos. Enquanto a ciência avança á passos largos, o humano fica no rastro dessa descubridora de verdades que nunca chega á lugar nenhum. Nunca tem fim, há sempre algo novo para ser descoberto. Tudo se transforma, tudo muda, e a cada mudança, muda também a ciência. E, apesar de se colocar como absoluta, a ciência perde esse status que dá a si mesma, quando se depara com novos fenômenos que á obriga seguir pesquisando.
Enquanto assistimos esses “avanços” científicos, se lançarmos um olhar mais crítico, vamos perceber que o homem vai se perdendo em sua concepção. A cada passo do avanço cientifico o homem perde seu espaço.
Aparentemente tais avanços contribui para uma maior autonomia do homem, no entanto, se percebe, com um olhar um poço mais apurado, que tudo não passa de fantasia. O mundo real não é esse. Contestar a legitimidade do avanço cientifico, parece burrice de quem ousa fazer isso. Porém, quando defendemos que o avanço cientifico proporciona a independência humana e torna o homem mais livre, parece um contra-senso, diante da dependência que isto cria, fomentado pela vigilância desumana que oprime a humanidade.
A critica deste artigo, não é contra o avanço da ciência e, muito menos o é do desenvolvimento tecnológico. A critica aqui contida é sobre a forma com que tais avanços são utilizados.
No mundo contemporâneo, onde a tecnologia substitui e esmaga o homem, cada vez mais se perde a identidade do humano. Daí a angustia que assola a humanidade. E o reflexo de tudo isso, se resume no desamparo do homem diante de suas próprias invenções.
A revolução cientifica do século XVII surge como promessa de humanização da sociedade. Se apresenta como forma racional, como meio renovador do pensamento racional. A razão domina o homem. Abandona-se, nesse cenário, o sensível, para dar lugar ao racional. Já não basta mais uma visão sensível do mundo. Ele precisa ser visto com outros olhos. Com essa nova ordem geral, o homem sai de cena, para dar lugar a razão, que deve imperar dali pra frente. Todos se tornam senhores de seu próprio destino.
Novas investigações são feitas, novas pesquisas desenvolvidas, tudo em nome da razão pura e simples. De um lado as ciências médicas com seus avanços. Aqui ninguém pode negar que este fato beneficiou, e muito os seres humanos. De outro os avanços da química e da física, descobrem meios de assustar a humanidade com o desenvolvimento de armas potentes, capaz de destruir, em questão de segundos, toda uma nação. Começa então, o grande pesadelo da humanidade.
Nações se armam com o objetivo de superar e dominar outras nações. A solidariedade desaparece. Novos valores são construídos á partir de então. Passa a valer a lei do mais forte. Vence mais rápido, supera no mais curto espaço de tempo o inimigo, aquele que tiver um arsenal bélico mais bem desenvolvido. O pesadelo do homem nasce desta evolução. Não que não tenha havido na Idade Média tais ameaças. Não negamos que a sociedade medieval, também era constituída de castas. O que queremos perceber, que á partir dessa construção de pensamento, tudo torna-se mais perigoso. A destruição é mais imediata. Basta apertar um botão.
Sem querer deixar de lado os fatos históricos, o tempo passou e tudo foi se aperfeiçoando. Aquilo que se mostrava como independência do homem, o faz escravo. Satélites foram desenvolvidos e lançados na atmosfera. Verdadeiros olhos eletrônicos á vigiar a humanidade. De um lado, podemos defender a utilidade de tais satélites. Más tudo depende da forma como a tecnologia é utilizada. Preservar o meio ambiente, evitar catástrofes, entre outras ações, são formas de utilizar bem o avanço tecnológico e a criação de tais instrumentos. O pior é que não para por aí. São de uso para a dominação. E é aí que a liberdade humana cessa. É aqui, quando a tecnologia é utilizada como meio de opressão, que nos vemos roubados em nossa liberdade.
Dando um salto na história, vamos perceber que tais avanços, nascidos em nome da liberdade, de maior autonomia da humanidade, com o passar do tempo e com seus próprios avanços, torna-se meio de controle e submissão humana. Além das armas de guerra, construídas em nome da paz, a televisão que vem para ser uma ponte entre os povos, passa á propagar novos valores, causando rápidas mudanças no comportamento social. No mundo contemporâneo podemos assistir inúmeras discussões sobre se a TV é um bem ou um mal.
De um lado, coloca-se o seu caráter de democratização da cultura, uma vez que é acessível á todos, individualmente. De outro, se discute a sua função alienadora e de formação da opinião pública, e manipuladora, por se aproveitar da natureza emocional, intuitiva e irreflexiva da comunicação por imagens.
Na verdade, tanto um como outro aspecto estão presentes. A TV, como meio de comunicação de massa, não é boa nem má, apesar de, por fazer parte da industria cultural, vir marcada pela classe dominante.
No entanto, os problemas começam á surgir, no momento em que o meio passa á ser usado. A sua utilização, portanto, que deve ser analisada.
A força da televisão é a sua atualidade, a instantaneidade entre aquilo que acontece e sua divulgação.
Essa característica leva seus espectadores a confundir realidade e representação, fazendo acreditar que a televisão é um veículo “transparente”, objetivo e não deformador da realidade.
E é desta mesma forma que os avanços científicos e tecnológicos nos enganam. Manipulado por classes dominantes, escraviza e rouba a liberdade dos seres humanos.
E então, onde está o caminho?...
Professor João Batista Henrique

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