terça-feira, 21 de julho de 2009

HONRA AO DEMÉRITO

“Se a economia não serve para o bem-estar da sociedade, é porque estão prevalecendo os interesses dos mais poderosos sobre os mais fracos”.

A lúcida frase acima, proferida recentemente pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner, recende, em vista do seu deplorável governo, a deboche ou hipocrisia, mas ilustra com perfeição a falsidade do discurso político da maioria dos governantes.

Algo semelhante poderia ter saído da boca do presidente Lula, recém-agraciado com o prêmio Félix Houphouët-Boigny pela Unesco "por sua atuação na promoção da paz e da igualdade de direitos".

Antes de questionar o que mesmo Lula fez, em termos práticos, pela promoção da paz e da igualdade de direitos, cabe perguntar por quais estranhas lentes a comunidade internacional enxerga a sua figura, que não percebe o presidente desbocado, de palavras fáceis e vazias, que execra senadores chamando-os de pizzaiolos, intrometendo-se nos outros Poderes.

O problema é que essas baboseiras, proferidas em profusão pelo presidente, certo de que a sua popularidade o brinda com o dom da eterna inimputabilidade, não são adequadamente divulgadas no exterior. Se o fossem, soubessem analistas e autoridades estrangeiras dessas suas atrocidades verbais perpetradas dia sim, outro também, eles passariam a ver o Brasil de outro ângulo, com um pé atrás.

E Obama não chamaria Lula de "O cara".

Temos um presidente que bajula ex-inimigos, notórios violadores de leis e normas de boa conduta, que passa a mão na cabeça de gente dona de péssimos currículos.

Adulador de ditadores, muito à vontade em visita ao terrorista líbio Muamar Khadaffi, que declama seu apoio ao fraudador de eleições iraniano Mahmoud Ahmadinejad, e cuja diplomacia se esquiva de apoiar a condenação de violadores de direitos humanos.

O governante que invariavelmente cede às abusivas pressões de governos vizinhos, com imposições unilaterais.

Não fosse o bastante, noticia-se que o governo irá se curvar às exorbitantes demandas paraguaias, à custa do consumidor brasileiro, que arcará com mais aumentos nas já extorsivas tarifas de energia, recheadas com 40% de tributos.

Enquanto Lula estende o chapéu alheio em cortesias a um país vizinho que mais atrapalha do que ajuda, um entreposto de armas, drogas e contrabando, mais de 18.000 escolas brasileiras ainda não têm energia elétrica.

O laureado promotor da paz e igualdade de direitos certamente não se pauta por aquelas palavras de Cristina Kirchner quando se sabe que no Brasil os pobres pagam muito mais impostos que os ricos, protegidos por Lula ao demitir a secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira, que ousou concentrar a fiscalização em grandes empresas.

Igualdade de direitos é um conceito que se estende à boa qualidade dos serviços públicos, que ficará ainda mais comprometida com o projeto de lei patrocinado pelo governo para restringir a fiscalização do Tribunal de Contas da União.

Luiz Leitão luizmleitao@gmail.com