domingo, 12 de julho de 2009

ÉTICA HOJE




- Ao nascer, a Filosofia não foi só indagação do universo e pergunta sobre a posição do homem no cosmos. Foi, também, interrogação sobre o próprio homem, sua natureza e a finalidade de sua existência.

- A angustia interrogatória encravada nessas questões, levaram os filósofos a fundarem a Ética, como ciência do bem supremo e da forma mais perfeita de agirmos e conduzir-nos.

- Desde então, todos os sistemas filosóficos passaram a englobar a ciência ética como saber normativo.

- Na Ética a Nicômaco, Aristóteles escreve: “Tanto a virtude como o vício estão em nosso poder. Realmente, sempre que está em nosso poder o fazer, está também o não fazer, e sempre que está em nosso poder o não, também está o sim, de modo que se está em nosso poder o feito quando é belo, estará também quando vergonhoso, e se está em nosso poder o não proceder quando é belo, estará, assim mesmo, para não obrar quando é vergonhoso”.

- Que devo eu fazer, aqui e agora?, eis aí a pergunta a que cada um de nós frequentemente tem de responder.

- Mais , num momento de reflexão, face a um difícil problema moral, temos de responder a perguntas tais como: Que devo fazer em geral?A qual código moral devo aderir? Mas, por que devo aderir a um código moral?

- Estes são problemas permanentes de filosofia moral.

- As questões morais é um questionamento não somente das origens da moralidade na historia do homem, mas também de sua aplicação em todos os atos do ser humano.

- O binômio bem e mal, bom e mau, surge de alguma maneira por influencia de interesses.

- Quais seriam esses interesses?... Aqueles de um poder dominante?... Aqueles de uma classe que se considera superior, para estabelecer e expandir seu domínio sobre outra, classificada como inferior?

- A falta, o pecado, o erro, enfim, seriam decorrência realmente de uma má ação ou de um conceito que procurou inserir no pensamento humano um sentido do que é bom em si e ainda de algo que, em contraposição; é mau?

- O bom e o mau como atos existem em si como algo decorrente da existência de uma consciência boa e de uma consciência má ou seriam simplesmente figuras inventadas pelos espíritos que se consideram superiores para poder escravizar os espíritos inferiores?

- Poderia alguém, em nossos dias, atrever-se a encontrar respostas a tais questionamentos? Dificilmente, pois tais questões implicam uma série de outras questões que, por sua vez, podem receber respostas tão diferentes, que não parece possível esperar uma solução direta e simples.

- Diante da dificuldade contemporânea em encontrar um principio, ou um conjunto de princípios, com base no qual se possa tomar boas decisões, são oferecidas varias maneiras de discutir as nossas escolhas.

- Por exemplo, partindo do pressuposto de que o bem-estar humano é um valor em si mesmo, intrínseco, alguns filósofos utilitaristas chegaram a pensar em um critério para tomar decisões considerando o maior número de bem-estar: Se a ação que produz o aumento de bem-estar de A puder causar o mal-estar de B, então A deve decidir não praticar tal ação; mas, se o aumento de bem-estar de A não causar a diminuição do bem-estar de B, então sua ação seria boa e justificável.

- Não é preciso ir adiante com essa exemplificação para levantar, logo de inicio, algumas perguntas: o fato de minha ação não prejudicar ninguém implica que ela seja necessariamente boa? Muitas vezes pensamos: “ok, não vou me preocupar com isso porque, afinal, não estou fazendo mal a ninguém”. Esse é um bom critério de escolha? O fato de eu não fazer mal a ninguém descarta a hipótese de que talvez faça mal a mim mesmo? Ou á Natureza? De um outro ponto de vista, pode ser que minha ação seja má em si mesma; e quem me garante que a Natureza não tem um modo de funcionar ou que a minha ação a esteja contrariando?

- Atualmente experimenta-se a ausência de critérios para tomar decisões porque não parece possível falar de princípios universais.

- Essa transformação é uma herança, já relativamente longa, vinda da filosofia critica, especialmente a kantiana, mas iniciada desde Hobbes!, para quem o homem é o artífice de seu próprio destino.

- O mundo contemporâneo parece não chegar a consensos universais em termos de ética e política. Todas as tendências, em principio, tem direito a se manifestar e a ver-se representadas nos governos.

-Cada vez mais se ouvem formulas que traduzem, na pratica, formas individualistas de pensamento, tais como “esse é o meu ponto de vista”, ou “isso é assim para mim”, entre outras expressões que pressupõem a impossibilidade de se chegar a uma visão sistemática de um assunto ou a um consenso geral qualquer.

- Assim, para entender, tolerar e conviver em paz com o outro, seria necessário respeitar a evidencia de que ninguém é obrigado a pensar de maneira semelhante ao modo de pensar de outra pessoa.

- Certamente é obvio a importância de se respeitar incondicionalmente o pensamento alheio, mas, em termos de ética ou moral, uma falta de debate pode levar à anulação da própria convivência social.
- Se não há certos princípios universais que regulem a vida do grupo, podemos terminar pela justificação de que o pensamento individual, seja ele qual for, tem direito a manifestar-se e a produzir ação.

- Aparentemente, tal exigência é positiva, mas como considera-la positiva quando se tratar, por exemplo, de um skinhead que pretende ver respeitado o seu direito de manifestação?

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