domingo, 12 de julho de 2009

Como viver em sociedade em meio aos conflitos sociais?



Há alguns anos atráz presenciamos aqui no Estado de São Paulo uma avalanche de conflitos e atentados.

De um lado, uma facção criminosa, do outro, a policia.

Devido a essa situação instaurou-se um ambiente de medo, terror, violência, insegurança e incertezas, produzindo as mais diversas reações e questionamentos na população.

Entretanto, se olharmos outros países e a própria história da humanidade, perceberemos que isso não é um procedimento novo entre as sociedades.

Constantemente a presença de guerras, lutas e conflitos, seja no âmbito pessoal ou de povos e culturas diversas, faz parte da realidade humana. Exemplo claro desse tipo de situação, são os conflitos entre os Palestinos e Israelenses, além de vários outros que vem ocorrendo no Oriente Médio. O que dizer então do fundamentalismo dos Talibãs, Al Kaedá, entre tantos que aqui poderiam ser citados.

O que pensar de tudo isso?

Como resolver os conflitos sociais?

Por que o homem vive em sociedade?

Qual o sentido da vida em sociedade?

# Aristóteles, filósofo grego, entendia que o homem é um animal político – ou seja – os humanos vivem por natureza em sociedade e não por uma questão de convenção.

Faz parte do ser do homem almejar a vida em comunidade principalmente por serem dotados do logos, isto é, da palavra, como fala e pensamento.

Devido a isso são naturalmente sociais e assim criam a Polis – a cidade-estado.

É no âmbito desta que o ser humano vai procurar resolver os conflitos e as lutas entre os diversos grupos e classes presentes na vida social, por meio de instituições políticas que regulem esses conflitos, buscando sempre o bem comum e assim, construindo a cidade justa.

Tomas Hobbes, filósofo britânico que viveu entre 1588 e 1679 entendia o ser humano como um ser solitário e ávido de poder.

Não há no homem um desejo natural de viver em sociedade.

Cada homem tem a tendência de buscar seus próprios interesses.

Na ausência de um poder soberano, para regularizar e organizar as relações entre os humanos, a realidade se transformaria numa guerra de todos contra todos, onde a lei seria a força.

Portanto, o mais forte sobreviveria.

Hobbes é autor da obra Leviatã, tratado político, sua principal obra, denomina esse estado generalizado de guerra, de conflito, de medo, onde o homem é o lobo do homem, de “estado de natureza”.
Esse estado seria resultado da ausência do Estado civil, soberano.

Por um lado o homem não teria as obrigações e restrições que um Estado civil impõe aos seus cidadãos.

Por outro lado ele constantemente correria o risco de perder a vida, maior bem que ele tem.

É justamente devido a essa situação, segundo Hobbes, que os homens enquanto seres racionais e livres decidem fazer um contrato e fundar o Estado soberano.

Para poderem viver, ter paz e usufruir de seus bens, delegam ao Estado varias coisas, dentre elas o direito de fazer justiça com as próprias mãos.

Ora, vemos tanto em Aristóteles como em Hobbes, apesar das diferenças conceituais, a idéia de que o ser humano pode resolver os conflitos presentes em uma sociedade por meio de instituições criadas por ele próprio.

Enquanto ser pensante e livre, o homem é capaz de criar instituições, ou por necessidade natural ou por medo de morrer, com a finalidade de estabelecer ordem e limite a esses conflitos.

Talvez a melhor maneira de resolver os conflitos existentes na sociedade seja reconhecer precisamente que eles são reais e é legitimo que existam.

Não é ocultando os conflitos que podemos resolvê-los.

Há na sociedade conflitos de interesses tanto pessoais como de classes que norteiam toda a vida social e política.

Muitos grupos sociais muitas vezes querem passar a idéia de que, na sociedade, todos querem as mesmas coisas, que todos pensam igual, que não há desigualdades e explorações.

Ora, é dando vazão a eles que podemos pensar em resolvê-los.

Todavia, parece que a melhor maneira de reconhecer os conflitos e de dar vazão a eles não é a força, a guerra, mas, sim, o dialogo e a política.

É justamente por intermédio do espaço publico democrático e do debate exaustivo e participativo, do embate das idéias, que talvez possamos sonhar com uma sociedade mais humana.

Apesar de todos os escândalos na vida política do nosso país, da corrupção endêmica do sistema, parece que as instituições políticas são imprescindíveis nesse processo.

Talvez a questão que todos devamos levantar para podermos refletir seja: No que vale a pena acreditar: no ser humano, na razão e no livre arbítrio presente nele ou na força da guerra?

A suposta superação dos conflitos passa pelo diálogo com o outro ou pela eliminação do outro?

SER FILÓSOFO...

"Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre ribomba e rola e rebenta e se passam coisas inquietantes” (Friedrich Nietzsche).

Prof. João Batista Henrique.

Nenhum comentário: