domingo, 12 de julho de 2009

NOTÍCIAS E EVENTOS




Segunda Feira, 13 de Julho de 2009

Levando em consideração á importância de se manifestar contra a corrupção e os desmandos na política brasileira e, cumprindo nossa missão de dar eco ás opiniões daqueles que lutam pela restauração da ética em nosso país, utilizaremos este espaço para publicar assuntos relevantes e opiniões de pessoas sobre a crise ética que teima em continuar assolando nossa sociedade. Sendo assim, republicaremos á seguir um artigo da Gazeta do Sul, edição de 07 de Julho de 2009, na coluna OPINIÃO de Ângela Rocha (angela@gazetadosul.com.br) que retrata toda a indignação do autor em relação á esta mazela dos "políticos" que se utilizam de seus cargos para usufruir de privilégios e delapidar o patrimônio público da nação. Patrimônio este, que pertence á todos os cidadãos brasileiros.
Professor João Batista Henrique

O DESMANCHE DA ÉTICA

"O Senado brasileiro desceu às profundezas da indecência, do desrespeito à cidadania, aos eleitores e à Pátria, a que boa parte de seus imerecidos integrantes deveria servir, acima de seus interesses mesquinhos.

Que não se culpe e atirem pedras apenas no seu atual presidente, José Sarney, porque a situação atual é fruto da conivência de, no mínimo, oito gestões antecedentes. E se José Sarney é hoje seu execrado presidente, é porque a maioria assim quis, votando nele, com o aval do presidente Lula. Afinal, dizem as manchetes deste primeiro de julho, 44% dos senadores – a minoria, portanto – defende a saída de José Sarney.

Veja o leitor a ironia: houvesse ganhado a eleição o senador Tião Viana (PT-AC), esta sujeira toda provavelmente não teria vindo à tona e a vida seguiria em frente, com um novo presidente que prometia moralizar a instituição enquanto sua filha viajava com um celular pertencente ao patrimônio público – cuja conta, de R$ 14,7 mil, estrondosamente alta para a maioria dos mortais que sustentam as benesses daquela casta, teria sido bancada pelo erário.

Foi a maioria do colegiado que absolveu o antecessor, Renan Calheiros, de uma miríade de malfeitorias comparável à do maranhense que lá representa o Amapá. O desmanche da ética, que vem em progressão de longa data, deve ser debitado à responsabilidade de todos os senadores, porque durante os 15 anos de Agaciel Maia na diretoria-geral da Casa, distribuindo favores e benesses, ninguém ali protestou (ao menos, com a devida veemência) contra tudo isso que está aí.

O mais eloquente crítico, Artur Virgílio Neto (PSDB-AM), admitiu ter contraído empréstimo com Agaciel; pouco importa se o pagou ou não. O ex-diretor do Senado afirmou que a instituição teria bancado um tratamento de saúde da mãe de Virgílio no valor de R$ 723 mil, quando o limite anual é de R$ 30 mil (ela é viúva de ex-senador e a sociedade, pelo caixa do Senado, é obrigada a pagar por seu tratamento!).

Virgílio também admitiu que o filho de um amigo recebe salário da Casa, apesar de morar na Espanha – por coincidência, uma contraparente de Sarney, cuja demissão fora “esquecida” quando se mudou para aquele país, também foi aquinhoada com o pagamento indevido de salários.

Que outro crítico interno das mazelas da Casa se manifeste, pois os que até agora o fizeram não têm lá a moral necessária à empreitada. Será difícil surgir alguém, pois todos, seja por ação direta, omissão, conivência ou covardia, contribuíram para a demolição ética da Câmara Alta, que atinge também a Câmara dos Deputados.

Com um quinto dos seus integrantes na condição de senadores biônicos, suplentes que assumiram sem jamais terem recebido um voto sequer, como os da época da ditadura, mais outra parcela, substancial, contrária a quaisquer mudanças que lhe retire a liberdade de movimentos em direções nem sempre recomendáveis, não há nada de bom a esperar do Congresso".

Luiz Leitão/Administrador/luizmleitao@gmail.com

Terça-feira,14 de Julho de 2009.

COMENTÁRIO DO EDITOR

Caro Luiz... Bom demais tê-lo aqui mais uma vez. Teus comentários são muito oportunos, dignos dos que se indignam com as safadezas encobertas pelo véu do que tudo está bem... Ninguém sente fome, o país garante a crise, nada pode acontecer.... Você meu caro, embora seja recente nosso contato, se mostra e se prova ser resistência desse liberalismo encoberto por um populismo perigoso. Com Getúlio, também foi assim.... E hoje o que temos... Nada que nos ofereça á garantia de transparência que tanto clamamos.... Temos um Brasil nebuloso, onde a ética se limita ao meu bem estar, o outro que se dane... O eleitor não passa de uma massa de manobra aos políticos hábeis na arte de mentir e enganar... verdadeiros sofistas da época de Sócrates.... Onde está a lógica da verdade e da virtude, como pregou Aristóteles... A vida política de nosso país está no caos.... Infelizmente temos muitos cégos.... Temos que tirar as vendas e enxergar o mundo real... Chega de contos de fadas!!!
Professor João Batista Henrique

AVISO AOS NAVEGANTES

Era indisfarçável a cara de satisfação do presidente Lula e de sua “candidata secreta” Dilma Roussef com a alvissareira “solução” que promete pôr um ponto final nas agruras do Senado.

Segundo o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, para o presidente, a crise que envolve o Senado, e mais profundamente seu presidente, José Sarney (PMDB-AP), está em "fase de superação", após o anúncio da anulação dos 663 atos secretos, com a determinação de que os cofres públicos sejam ressarcidos dos custos gerados pelas decisões "sigilosas".

A momentosa decisão de José Sarney, antes de produzir quaisquer efeitos - até porque haverá uma comissão para "avaliar" a ordem do presidente da Casa -, se traduz num aviso aos navegantes, um recado para bons entendedores: apontem a artilharia para outro lado, ou cessem o fogo, porque meu estoque de munição e o calibre dos meus canhões são maiores, acumulados e aperfeiçoados em sessenta anos de vida pública. Tempo suficiente para colecionar meticulosamente os segredos de nove entre dez membros da política que realmente contam. Não os do baixo clero, da arraia miúda.

Durante os cinco ou seis meses de duração da crise da “Casa dos Horrores” brasileira, nenhum de seus membros, nem mesmo os poucos pertencentes ao grupo mais identificado com os bons princípios, chegou ao extremo de defender a anulação de todos os atos secretos, que dirá falar em ressarcimento dos prejuízos por eles gerados. Ou seja: pôr a mão no bolso, nem pensar!

Devolver ganhos auferidos durante catorze anos de pagamento de salários, inclusive a funcionários-fantasmas, horas extras, despesas médicas e uma miríade de benefícios indefensáveis não é algo que convém sequer cogitar àqueles que até hoje beneficiam a si próprios ou a apaniguados graças a decisões tomadas e mantidas em conveniente escuridão.

É possível, sim, anular os tais atos secretos e responsabilizar a todos que deles tiraram o seu naco, mas isso é tarefa do Ministério Público e da Polícia Federal - apenas enquanto as apurações não esbarrarem em algum senador. Daí em diante, só o procurador-geral da República, com autorização do Supremo, é quem poderá conduzir as investigações.

Para desfazer a ilusão de que o Senado irá se depurar dessa vez basta olhar para a Câmara, que não mudou uma vírgula sequer nos procedimentos; ao contrário, pegou as verbas todas que eram questionadas e as unificou. Saiu de cena sem que o público pagante tivesse ao menos a satisfação de assistir à cassação do deputado Edmar Moreira, o do castelo.

O ex-diretor do Senado fez favores a meio mundo naquela Casa; sabe da missa muito mais da metade, e deverá se safar com relativa tranquilidade das acusações que lhe pesam - se é que pesam - nos ombros. Já o decano Sarney não apenas conhece a missa por inteiro como serviu no confessionário...

Luiz Leitão luizmleitao@gmail.com

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